quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Black Mirror constrói, ergue e destrói

A série volta e nos mostra a razão de ser uma das mais importantes da atualidade


Todo mundo têm máscaras.
Máscaras ajudam as pessoas a esconderem quem realmente são. Máscaras servem como um refúgio superficial, um meio de camuflagem para se tornar aceitável socialmente.
O que é aceitável socialmente?
Fazer piadas racistas, homofóbicas e/ou preconceituosas?
Por que isso é aceito socialmente?
Em Shut up and dance fica evidente pra mim que não há apenas UMA única coisa aceita na sociedade. Existem grupinhos, nichos que formam sua própria sociedade. O que é aceito por uns pode não ser aceito por outros. É assim que funciona o mundo.
Mas, existe um consenso geral sobre o que é certo e o que é errado?                                                      
O terceiro episódio da terceira temporada de Black Mirror nos mostra um cenário comum.
A banalização dos vazamentos. Fotos e vídeos íntimos que acabam sendo espalhados por aí por alguma razão.
No episódio, conhecemos Kenny, um adolescente que trabalha, ajuda a mãe em casa e parece ser gente boa. Um dia, Kenny passa a ser ameaçado por hackers. O garoto deve fazer tudo que o grupo pede, caso não faça ele terá um vídeo íntimo vazado na internet.
É aí que Black mirror brilha.



A série brinca com você. Charlie Brooker te coloca na mão (mais uma vez), te balança pra lá, pra cá e no fim das contas estamos onde ele queria desde o começo do episódio.
Mais uma vez, como em White Bear (S02E02) o nosso senso de justiça e moral é colocado em questão.
Estamos realmente defendendo e tendo dó de um cara horrível? Por quê? Será que o que estão fazendo com ele não é demais? Será que é pouco?
O que a série questiona constantemente são nossos julgamentos, nossa maneira de ver e lidar com a sociedade. Qual é o maior medo das  pessoas? Você tem medo de ser esquecido ou julgado?
É claro que tem. E não é SÓ você.
É pra isso que servem as máscaras?
As pessoas usam pra conviver em paz socialmente e para caberem num mundo perfeito. Sem que ninguém seja diferente do padrão, sem que ninguém as julgue e as tire do seu conforto.
Como pode-se ver no episódio, a máscara cai eventualmente, e para que nada mude as pessoas são capazes de realizar a pior das atrocidades. Roubar, matar, lutar até a morte para que ninguém saiba quem realmente são. 

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