quarta-feira, 23 de setembro de 2015

X-men: Deus ama homem mata

Leia. Apenas leia



Tinha um tempo que eu estava namorando este gibi. Não sabia absolutamente nada sobre a história ou os motivos de ter sido feito, mas aquilo me atraia. Não sei o que era. Capa, o Claremont no seu auge, não sei bem o que me atraia.
Decidi procurar saber pelo menos um pouco sobre a história.
Falhei miseravelmente.
Desisti de saber qualquer coisa sobre o gibi até que resolvesse ler. Após o aviso de uma amiga minha sobre um tal desconto numa loja, fui dar uma olhada.
Comprei, li e gostei pra caralho.
A edição que adquiri foi (se não me engano) o último lançamento da panini. Um encadernado bonitão, e bem feito lançado ano passado.
Antes de falar sobre a história em si a parada que precisa ser não só citada como também comentada, é uma pequena entrada nos bastidores da produção do gibi. Entrevistas com o Chris Claremont e o ilustrador Brent Eric Anderson.
De começo o Claremont já fala um pouco das suas inspirações e tal, mas o que é mais interessante é que, em dado momento, ele cita a situação que os EUA passava em 1982. O patriotismo estava voltando para o país e a maioria das pessoas via a esperança não só em quem estava sentado no salão oval da casa branca. As pessoas viam esperança em deus. Ele cita algumas pessoas famosas da época que ficaram fanáticos com essa coisa de passar a mensagem de deus. Quase como pastores.
Claremont fez um trabalho espetacular não só nessa Graphic Novel, mas em todo seu trabalho nos x-men. O cara foi responsável por vários pontos importantes para os mutantes e é considerado um dos responsáveis por catapultar os mutantes para um público que nem a Marvel imaginava alcançar com a equipe.

Várias coisas aconteceram na produção dessa história. O ilustrador inicial seria Neal Adams mas, rolaram umas tretas (que também se encontram nesse encadernado mais recente da panini) e ele teve que deixar não só o projeto como também a Marvel. 
A história, como eu disse antes, se baseia muito no que estava acontecendo no país do titio Sam. Havia esses fanáticos religiosos que se preocupavam muito em passar a palavra de deus para o povo. Alguns deles eram tão radicais que decidiam tomar decisões extremas com a justificativa de que “essa é a vontade de deus”. O personagem que representa isso no gibi é o até então, reverendo William Stryker.
O Stryker é até conhecido pelas participações no universo cinematográfico dos x-men, mais especificamente, em X-men 2 e Dias de um futuro esquecido.
Aqui ele é um ex-militar que, por motivos revelados no gibi, decide virar um reverendo e eliminar os mutantes. A razão disso também é revelada ao decorrer da leitura. Para executar seu plano o reverendo resolve realizar uma grande cruzada contra os mutantes e, frequentemente ele encoraja as pessoas a fazerem o mesmo. Denunciarem, apedrejarem, e até matarem aqueles que forem mutantes.
Simplesmente brilhante.
O grande lance é que os x-men sempre foram um reflexo das minorias nos quadrinhos. E uma coisa que Claremont fala nas entrevistas é que, na época, não havia muitos mutantes. A grande maioria se encontrava ali nas histórias dos x-men, divididos entre a equipe de Charles Xavier e a Irmandade. Isso é bem importante para a história porque se compararmos com o que acontece no universo mutante hoje em dia é que eles quase deixam de ser uma minoria. Por serem uma minoria em 1982 a pressão da sociedade em cima deles é maior, é pior e mais angustiante.


O argumento da história é sensacional, é inovador e te deixa muito curioso ao ponto de ler tudo em uma cagada.
Claremont diz que a história não poderia ser lançada na edição mensal dos x-men por se tratar de algo muito pesado e com muito conteúdo para abordar em pequenas edições. A Marvel estava começando a trabalhar com Graphic Novels e isso chamou a atenção do roteirista, porém o que se espera ao saber disso é que ele irá se arriscar. Arriscar a história, fazer algo diferente e sair da mesmice das edições periódicas. Como se passasse em um “universo diferente do regular”. Apesar de Claremont dizer que não tem nada a ver com o mensal da revista, não é bem assim.
Acho que por uma decisão editorial grandes mudanças não são feitas com a equipe. Vale lembrar também que o roteirista é conhecido por ser “noveleiro” e não “decisivo” em suas produções.
Paradigmas não serão mudados ao ler essa história mas, é algo excelente que foi feito há mais de 30 anos e não é datado. E esse era exatamente o intuito de Claremont e Brent ao realizarem a história.
Um feito sensacional que é quase obrigatório de ler e que, no geral, não decepciona.


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