45 anos que
não deixam gosto
Todo filme têm gosto. Na verdade, toda obra tem gosto, mas
foco aqui nas audiovisuais. Filmes, séries, novelas, todos têm gosto. Sabe
aquela sensação de deixar correrem os créditos enquanto você digere o filme?
Aquilo deixa gosto, aquilo é você entendendo o gosto da coisa que acabou de
ver. Coisa que não acontece em 45 anos.
No início somos apresentados ao casal Mercer, que estará
completando 45 anos de matrimonio no sábado. Para celebrar esta data, o casal
decide fazer uma festa comemorativa e tentar relembrar os bons momentos que
precederam e aconteceram na época em que se casaram. Acontece que, durante a
semana tão importante de bodas do casal, o passado do marido, Geoffrey Mercer vêm a tona e acaba
abalando os dois de uma maneira que nunca havia acontecido.
O filme parte daí.
Como eu disse no início o filme não deixa gosto. Ele acaba e
pronto, é isso, fim, sem papo, sem uma grande mensagem pra passar ou algo
assim. Isso nem sempre é ruim, na verdade mostra que é um filme completamente
honesto, e não tem nada de errado em ser um filme honesto que só quer contar
uma história.
Vale dizer que é extremamente bonito. A direção de Andrew Haigh é simples, bonita e muito
funcional. E não é uma GRANDE produção, com milhões gastos em pequenos detalhes
para fazerem ficar mais bonito. Não, é simples, prático e, nesse sentido, até
funciona muito bem.
Charlotte Rampling
manda muito bem. Ela consegue segurar a amargura que é viver casada 45 anos com
um homem de quem você sabe tão pouco. São segredos importantes que acaba-se
descobrindo conforme o filme discorre, e são coisas que para um casal que vive
junto 45 anos, não é normal.
O filme no geral fala muito sobre confiança. Até onde vai o
amor que se sente por uma pessoa? Será que é possível viver com a pessoa tanto
tempo e saber absolutamente tudo sobre ela? Ou mais importante, será que as
pessoas continuam com as mesmas atitudes após saberem algo tão chocante da vida
do outro/outra?
A coisa lamentável é que o filme não vai ficar na sua cabeça
por muito tempo. É um filme ok, honesto com uma atuação geral mediana, e que
não tem muita coisa pra falar.
Não tem gosto.
Charlotte Rampling concorre ao Oscar de Melhor atriz, o que eu acho que é difícil de ganhar só pelas outras
atrizes concorrentes.
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