quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Ponte dos Espiões - Sobre o Oscar

Mais um filme que é bom e, infelizmente, tem grande chance de passar despercebido


Em Ponte dos espiões conhecemos James Donovan, um advogado médio que é bom no que faz mas que não tem muito reconhecimento assim. Em 1957, auge da Guerra fria, James é encarregado de defender um cara que é acusado de ser um espião da União Soviética.
É importante dizer que o filme tem dois tons conforme vai passando. No começo é muito “o filme de tribunal”. É o Donovan pegando um caso que é, aparentemente, impossível de ganhar, muito difícil e que coloca o advogado numa posição quase que antiamericana. O cara tá num tribunal tendo que defender um espião da união soviética em plena guerra fria. O filme coloca essa discussão interessante de “o que faz alguém ser um traidor”, mas isso dura pouco até porque, o foco do filme muda completamente depois.
Beirando ali a 2º hora do filme, ele muda de temática. Ele vira um filme de troca, um filme com mais suspense e, na minha opinião, mais interessante. Durante essa putaria toda de julgamento, alguns soldados americanos são feitos reféns na união soviética e na Alemanha, que tá dividida em 2. Já que isso tá rolando, e Donovan talvez seja o cara mais odiado dos EUA, eles o mandam pra negociar o retorno desses soldados em forma de troca. E é ai que o filme realmente fica foda.

Sim, o filme é muito foda.


Essas duas camadas de filmes são coisas que podem soar estranhas mas eu achei que funcionam muito bem. Nenhuma das partes fica muito arrastada, a mudança é até que sutil e funciona bem, não fica cansativo e nem muito destoante.
Quem interpreta o Donovan é o magnífico Tom Hanks. Eu tenho um carinho forte pelo Tom Hanks, na verdade acho que todo mundo tem. O cara passou de filmes legais da sessão da tarde pra coisas como Forrest Gump, Philadelphia e Resgate do soldado Ryan. É uma transição de carreira que é incrível, admirável e uma coisa que dá pra acompanhar tranquilamente e ver a evolução dele como ator.
Aqui ele tá foda. É simples assim. O Donovan é aquele cara médio americano que, no principio, parece bem normalzão e tal, mas que ao longo do filme ele vai sendo explorado e você vai conhecendo ele mais e ganhando mais empatia e, porra, no fim é aquela preocupação e desespero que se tem pelo personagem. Isso é muito por conta do ator também. Eu não sei se é a maquiagem que usaram nele, se acrescenta ele estar velho, mas ele tem aquela cara do tio. É o tio Donovan sabe?
Enfim.
A coisa que pega mesmo pro filme ser bom vem muito da mão de quem tá envolvido na produção. O filme é do Spielberg, roteiro, direção e tal tem aquela galerinha dele e tal, mas uma coisa que me surpreendeu muito ao olhar pros créditos foi ver o nome dos irmãos Cohen. Joel e Ethan Cohen revisam o roteiro, e ao rever o filme você até percebe um tom das obras deles no filme.
Aquele negócio dos dois tons do filme tem muito disso também. Um filme de tribunal tem lá o dedo tanto do Spielberg quanto dos Cohen, mas o segundo ato é tão foda que da pra perceber os elementos de cada cineasta. Mais do Spielberg, claro.


É um dos melhores filmes indicados, vou fazer um post com meus favoritos, claro. Mas esse filme é um que merece ser visto e revisto pouquíssimo tempo depois. Serio.
É um negócio redondinho, que funciona sozinho, que é bom, que diverte etc etc.
O filme pode ser meio arrastado, tem 2h:20, mas foda-se você já viu Senhor dos anéis com mais de 3 horas, então não tem desculpa.
Vai assistir essa merda mano.
Ponte dos espiões tá indicado a: Melhor filme; Melhor ator coadjuvante (Mark Rylance); Melhor roteiro original; Melhor mixagem de som; Melhor edição de som; Melhor design de produção; Melhor trilha sonora.
Acho que é forte candidato a edição de som e design de produção. O resto eu não tenho muita certeza não.
Mas como é comum falar que “a academia não sabe de nada”, eu vou reforçar isso e so recomendar o filme a vocês. 

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